sexta-feira, 5 de julho de 2013

XII Soldos de 1654

Seguem imagens da única moeda de prata da série de 1654 tida como verdadeira. São conhecidas 5 exemplares:

1 - Coleção do Estado do Amazonas - ex-Bernardo d’Azevedo da Silva Ramos e ex-Manoel Cícero Peregrino Dias.

2 - Coleção Julius Meili - ex-Munnicks van Cleef

3 - Coleção Domingos de Góes e Vasconcellos, vendida por Jacques Schulman N.V. em 24 de novembro de 1970 , ex-Guilherme Guinle, ex-Jael de Oliveira Lima, ex-Augusto V. Corsino.

4 - Coleção da Universidade de Leyde, Holanda.

5 -  Coleção W. Kopenhagen, de Bruxelas.

Imagens:


Van Loon - 1726

Julius Meili - 1897

Coleção do Estado do Amazonas - 1900


Leilão J. Schulman - 1970

domingo, 23 de junho de 2013

Quanto você paga numa proof?

Instigado por alguns colegas numismatas, fiz esses dois pequenos gráficos mostrando como o Banco Central tem tido lucros cada vez mais altos nas costas dos colecionadores. Se em 1994 uma moeda de prata proof custava R$30,00 (em 1997 chegou a custar R$17,00!) hoje chega a astronômicos R$195,00 (no caso da moeda de prata proof da Bandeira Olímpica). A evolução anual do valor de venda nominal está descrito no gráfico abaixo:

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Mas o valor nominal tem, é claro, o peso da inflação sobre si, então elaborei esse gráfico trazendo todos os valores para 31 de Dezembro de 1994:

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Se em 1994 uma proof custava R$30,00 hoje ela custa, proporcionalmente, R$55,03! Pelo valor pago numa proof hoje quase poderia se comprar 2 em 1994 (ou 4 em 1997).

Bibliografia

* Valor de venda das moedas de prata proofhttp://www.bcb.gov.br/?MOEDAREL

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Acervo de moedas de ouro brasileiras contramarcadas no exterior presentes em museus

Na minha pesquisa para a 2ª edição do "Pequeno Catálogo das Moedas Brasileiras Contramarcadas no Estrangeiro" pude consultar (tanto ao vivo como por fotos) as seguintes moedas:

(OBS: As do MHN me parecem ser as ex-Meili)

Refª do carimbo* Moeda-Base Acervo Tipo do carimbo
Au.04.01 6400 Réis (data ilegível) MHN G / JW
Au.01.02 6400 Réis 1786-R MHN ED
Au.02.05 e Au.02.01 6400 Réis 1749-R MHN JB (monograma) e EB
Au.02.05   6400 Réis 1754-B MHN JB (monograma)
Au.01.01 e Au.03.03 6400 Réis 1749-R MHN 22 em quadrado / 22 cabeça humana
Au.03.01 6400 Réis 1759-R MHN G coroado / 82.10 em retângulo
Au.03.01 6400 Réis 1780-R MHN G coroado / 82.10 em retângulo
Au.01.02 e Au.08.02 6400 Réis 1747-R MHN ED / 22 encima de uma águia
Au.08.02 4000 Réis 1718-RRRR MHN 22 encima de uma águia
Au.08.02 4000 Réis 1758-Lisboa MHN 22 encima de uma águia
Au.08.02 6400 Réis 1747-R MHN 22 encima de uma águia
Au.08.02 6400 Réis 1760-R MHN 22 encima de uma águia
Au.08.02 6400 Réis 1768-R MHN 22 encima de uma águia
Au.08.02 1000 Réis 1771-Lisboa MHN 22 encima de uma águia
Au.08.01 12800 Réis 1737-M MHN 20 encima de uma águia
Au.08.01 6400 Réis 1771-R MHN 20 encima de uma águia
Au.08.02 6400 Réis 1742-R CBES 22 encima de uma águia
Au.08.01 6400 Réis 1772-R ANS 20 encima de uma águia
Au.07.01 6400 Réis 1730-M (falsa) ANS T.S
Au.03.01 e Au.07.01 6400 Réis 1779-R ANS G / W.B.
Au.02.06 12800 Réis 1732-M ANS TP

MHN = Museu Histórico Nacional

ANS = American Numismatic Society
CBES = Coleção Banco Espírito Santo

*As referências são as que estarão
na 2ª ed. do catálogo.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Tentativa de classificação tipológica dos Carimbos Gerais

Aqui fica uma tentativa de classificação dos estilos dos Carimbos Gerais, independentes do valor (10, 20 ou 40 Réis). As variáveis usadas foram o campo (linhas horizontais, diagonais ou liso) e qualidade da gravação (boa ou má), produzindo a seguinte matriz:

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Resultados possíveis:

1.1 | 2.1 | 3.1
1.2 | 2.2 | 3.2

Agora aplicando em um exemplo prático (carimbos da Coleção Babi Berta):

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Classificação atribuída por mim:



domingo, 2 de junho de 2013

Casa da Moeda de São Paulo: Primeira do Brasil

É consenso entre os numismatas que a primeira Casa da Moeda do Brasil foi a Casa da Moeda da Bahia, criada em 1694, e isso está parcialmente certo, a Casa da Moeda da Bahia foi a primeira no Brasil a cunhar moeda. No entanto, 50 anos antes foi estabelecida uma casa da moeda em São Paulo, mas ela foi efêmera e não cunhou moeda. 

Affonso d’Escragnole Taunay no I Congresso Brasileiro de Numismática em 1936 apresentou essa tese apoiada em fartos documentos que não nos permite duvidar: a Casa da Moeda de São Paulo existiu.º

De acordo com Heitor Megale e Sílvio de Almeida Toledo Neto, foi feito um requerimento à El-Rei D. João IV em 11/12/1643, requerimento esse que tinha o seguinte teor:

Requerimento dos procuradores das Capitanias do sul, pedindo a D. João IV que ordene [que] se faça moeda de ouro na vila de São Paulo, porque daí virá grande proveito aos moradores daquela vila e à Fazenda Real e que se carreguem os quintos reis de ouro que se tirarem ao almoxarife.¹

El-Rei respondeu em 07/06/1644 com o seguinte regimento:

Regimento passado pelo rei D. João IV a Salvador Correia de Sá e Benevides, em 14 itens (...) recomendando também que se estabeleça uma Casa da Moeda.¹


Salvador Correia de Sá e Benevides

Mas será que tal Casa da Moeda realmente existiu? O alvará de 26/12/1644 nos dá a certeza de que sim:

Alvará de D. João IV concedendo a Domingos José Leite o ofício de capataz da Casa da Moeda da Capitania de São Paulo, que aí existe para fundição do ouro, prata e mais metais que se retirarem das minas, que manda beneficiar e entabular, fixando ordenado a ser retirado do rendimento das minas.¹

Portanto a Casa do Moeda existiu. No entanto esse alvará diz que a Casa da Moeda no fim de 1644 e início de 1645 apenas beneficiava e entabulava o metal, retirando o quinto.

A moeda que lá deveria ser cunhada seria o São Vicente, que foi cunhado nos reinados de D. João III e D. Sebastião em Portugal, que na época circulava a 1000 réis. No entanto devido à inflação o São Vicente que correria em São Paulo seria desvalorizado em 50%, passando a valer 1500 Réis (também foi autorizada a cunhagem nos valores de 750 réis, Meio São Vicente, e 3000 Réis, Dois São Vicentes).² O ouro seria proveniente do Pico do Jaraguá.² José E. P. de Godoy ainda afirma que seriam cunhados cruzados e seus múltiplos em ouro (que teriam o apelido de São Vicente, e não os São Vicentes que não eram cunhados há mais de 60 anos), através de um documento régio de novembro de 1644.³
                               
Os fatos vão até este ponto. Não há nenhum documento que fale se algum São Vicente (ou cruzados em ouro) foi cunhado em São Paulo. A profusão de documentos sobre a Casa da Moeda de São Paulo e o desconhecimento de qualquer documento referente tanto à cunhagem, quanto a abertura de cunhos é prova muito forte de que não se realizou cunhagem em São Paulo. 

Mas existe um fato curioso: alguns São Vicentes são mencionados no inventário de Lourenço Fernandes, um mascate carioca falecido em São Paulo, em 1646.² ³ No entanto isso não é prova de que se cunharam São Vicentes em São Paulo, essas moedas poderiam perfeitamente terem vindo de Portugal.

A falta de qualquer tipo de evidência ou referência a essa cunhagem em São Paulo é uma prova muito forte de que não cunhou-se moeda em São Paulo: a Casa da Moeda apenas beneficiava os metais, os fundia em barras e retirava o quinto, disso há provas fartas.

A Casa da Moeda de São Paulo durou pouco, por volta de 1650 ela já não existia.²

Portanto os louros históricos de primeira Casa da Moeda brasileira autorizada por Portugal que efetivamente cunhou moeda ainda são da Casa da Moeda da Bahia, no entanto a primeira Casa da Moeda autorizada por Portugal e estabelecida no Brasil foi a Paulista, entre 1644-c.1650. 

Bibliografia

[0] GALLAS, Fernanda Disperati; GALLAS, Alfredo O. G. A Casa da Moeda de São Paulo - A Primeira do Brasil. 2008, 1ª Edição, Ed. Alfredo Osvaldo.
[1] MEGALE, Heitor; NETO, Sílvio de Almeida Toledo. Por minha letra e sinal - Documentos do ouro do séc. XVII. 2006, 1ª Edição, Ateliê Editorial.
[2] RECEITA FEDERAL - http://www.receita.fazenda.gov.br/Memoria/administracao/ reparticoes/colonia/casadamoeda.asp – Acesso em 19/09/2011
[3] GODOY, José Eduardo Pimentel de. A moeda perdida. Revista NVMISMATICA nº2, Ano II, Agosto de 1997, Rio de Janeiro.

sábado, 1 de junho de 2013

As falsas de "Pernambuco" em 1825

Algumas peças interessantes falsificadas de Pernambuco (?) em 1825:

80 Réis 1825 P recunhado sobre XX Réis Colonial com carimbo de escudete
Ex-Coleção XL Réis

960 Réis 1825 P recunhado sobre 5 Francos de Luiz XVIII (24,3 gramas)
Coleção Fernando B. Correia

960 Réis 1825 P recunhado sobre 5 Francos de Napoleão (24,3 gramas)
Coleção Fernando B. Correia

960 Réis 1825 P recunhado sobre 5 Franco do Diretório (24,3 gramas)
Coleção Fernando B. Correia

A Coleção Fernando B. Correia de Patacões Falsos pode ser consultada em: http://www.cfnt.org.br/monografias/pf/1810/1810v1.php